Competências para Sobreviver num Mundo Pandêmico

Como está a sua vida durante essa fase pandêmica que estamos vivenciando? Ouço muito essa pergunta. Ouço também previsões muito pessimistas sobre a fase pós pandemia e também ouço sobre pessoas que independentemente da situação econômica, sentem-se deprimidas, haja vista o isolamento social a que compulsoriamente estão submetidas. Outras estão estressadas, por não suportar o trabalho home office. Outras reclamando do quanto engordaram nessa fase.

Paradoxalmente, ouço pessoas que estão se adaptando muito bem à fase atual, muitas estão gostando da experiência home office, outras estão aproveitando o isolamento social para fazer coisas diferentes. As lives estão bombando no instagran, o aplicativo zoom foi perfeito para o momento, pois permite reuniões virtuais sobre os mais diferentes assuntos, desde reuniões de negócios, passando por estudos, até encontros e festas familiares. Ouço sobre pessoas que passaram a praticar exercícios diariamente, seja de forma isolada ou com o apoio de professores que estão dando aulas virtuais e estão se sentindo muito melhor com essa nova prática.

O que faz com que o mesmo acontecimento provoque respostas tão opostas nas pessoas? Por que alguns se adaptam mais facilmente e outras não conseguem. Então lembro do que nos diz a Bíblia, no livro de Tiago ”observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro”. Fiquemos atentos ao leme de nossa mente, caso contrário, nos perderemos no mar dos pensamentos que insistem em controlar nosso navio interior.

Mas, autoconhecimento e gestão dos pensamentos embora sejam um grande passo para o bem viver, seriam suficientes? O que mais importa? Será que as pessoas que ouvi e que me falaram de suas experiências positivas durante a fase da pandemia, todas tem amplo autoconhecimento e consciência completa dos seus pensamentos e das suas emoções? Ou, haverá mais algum ingrediente nessa charada?

Lembrei então do livro “A Lógica do Cisne Negro”, de Nassin Nicholas Taleb. E fiquei pensando o quanto nossas crenças nos condicionam e no quão limitado é o nosso conhecimento, embora teimamos em não reconhecer essa limitação. E novamente lembrei da Bíblia, lá em Tiago está escrito “atendei agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis oque sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”. Algo te parece atual nesse texto bíblico? Quantos de nós, meros mortais, tivemos que mudar planos em função de um vírus que se espalhou, repentinamente pelo mundo? Quantas viagens de negócio ou a passeio foram canceladas? Quantos casamentos adiados? Quantas festas deixaram de acontecer? O imprevisível faz parte da vida, embora o cotidiano, o previsível, nos faça mais confortáveis e esse é um ensinamento milenar.

Enquanto escrevo, volto a me perguntar: o que faz com que mediante um acontecimento imprevisível algumas pessoas reajam positivamente e outras não, por que algumas entram em depressão e outras seguem a vida e até conseguem fazer desse limão uma limonada? Talvez possamos voltar ao processo de Coaching, da importância do autoconhecimento e da gestão dos pensamentos e das emoções e lembrar que o desenvolvimento de competências faz parte de tudo isso. E chegando a este ponto do raciocínio, podemos observar que as pessoas que melhor estão atravessando essa fase pandêmica, fazem uso de duas competências essenciais para o momento, são elas: adaptabilidade e a flexibilidade.

Muitos talvez nem saibam que tem essas competências, apenas fazem uso delas e seguem em frente. No entanto, é fundamental que se tome consciência da importância dessas competências, não apenas no momento atual, mas em todos os momentos. No mundo atual tudo se transforma muito rapidamente, o imprevisível é muito mais comum do que queremos acreditar.

Que possamos cada vez mais controlar o leme de nossas mentes, aceitar o imprevisto e desenvolver em nós competências que nos possibilitem ir além, superando adversidades e propagando boas novas pelo mundo.

Rosiris Guerra Inglese – 02/09/20